Dados, linhas e nós

O convívio existente no processo educativo, provoca o entrelace dos fios na tessitura da história das instituições escolares. Os fios são os estudantes, seus responsáveis e os profissionais da educação, à medida que suas relações na escola e com a comunidade são as mãos que os tecem. Na explicação de Magalhães (2004, p. 67), “a história das instituições educativas é um campo de investigação em que a instituição e a educação se articulam por ação dos sujeitos”. As características dos sujeitos, fazem com que o processo educativo seja próprio de cada instituição. As relações ali existentes, estabelecem, como pontua Vidal (2005, p. 5) “a escola como produtora de uma cultura própria e original, constituída por e constituinte, também da cultura social”.

Neste sentido, a cultura escolar, como perspectiva investigativa, é apresentada por Viñao Frago (1995, p. 68-69, tradução nossa), a apresenta no plural, como culturas escolares, despertando a atenção ao ampliar a compreensão das relações de forma conjunta, incluindo “[…] práticas e comportamentos, estilos de vida, hábitos e ritos […], objetos materiais – função, uso, distribuição no espaço, materialidade física, simbolismo, introdução, transformação, desaparecimento … -, e modos de pensamento, bem como significados e ideias compartilhados”.

No debate sobre o diálogo que a instituição escolar realiza com a sociedade, observando as relações construídas pelos sujeitos atuantes neste meio. Plácido, Benkendorf e Todorov (2021, p. 192) atribuem à palavra porosidade o sentido dos “espaços da instituição escolar, seja no sentido físico ou social” e à palavra permeabilidade o sentido de “diálogo e trânsito de ideias que perpassam a escola”. Em uma proposta de abordagem metodológica, onde se compreende que, a cultura escolar é resultado do fluxo interativo entre os espaços e as ideias no ambiente escolar.

O olhar escolhido para o processo de codificação e categorização na análise, foi o da proposta metodológica apresentada na utilização dos termos porosidade e permeabilidade, por Plácido, Benkendorf e Todorov (2021). Compreendendo a cultura escolar, como resultado do fluxo das interações dos espaços e das ideias no ambiente escolar, seis temas emergiram como fios que compõem esse fluxo. Os enunciados ou códigos de análise temática emergentes foram: arranjo produtivo local, comunidade, estrutura, estudantes, legislação e servidores.

A codificação temática permitiu a identificação de três códigos: desafios, relações e pertencimento. Os códigos se vinculam às categorias criadas neste processo de análise, sendo duas vinculadas ao conceito de permeabilidade: dados e linhas, e uma vinculada ao conceito de porosidade: nós. A utilização dos termos “dados, linhas e nós”, como nomenclatura para as categorias, vem da analogia das matérias-primas das áreas dos cursos ofertados pelo IFC Ibirama. 

Na administração temos os dados a serem trabalhados, na informática, trabalha-se com dados, os bits e bytes, assim como no vestuário e moda é necessário os dados em metros e centímetros para os moldes e execução do ofício. Na administração, as linhas de produção, na informática as linhas de código e no vestuário e moda as linhas que unem os tecidos. E os nós dos processos na administração, os nós de rede na informática e os nós das linhas no vestuário e moda.